Fazendo História

Primeira Estação:

Convido a todos fazer parte deste passeio pela Vida, já que para fazer história é preciso ter passado pela vida e deixado sua marca. Assim, desde filósofos, políticos e mártires até escravos, indígenas e o tocador de tuba no coreto fazem parte desta viagem que quer retratar a cultura costurada durante o tempo dos Homens.
Aproveitem da viagem!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011



EDUCAÇÃO POR UMA FILOSOFIA DE VIDA

A Filosofia nos cabe como arte sensível, interpretativa, especulativa e inconformada, como uma espécie de busca constante por explicações fundamentais para a existência do ser humano neste mundo e em sua sociedade.

Em razão desta característica critica e questionadora é que os filósofos dispoem-se a uma analise das necessidades e da moral em dado contexto social.

Pensando no contexto atual de uma atitude filosófica e critica, gosto de lembrar a contribuição deixada pelo filosofo Olavo de Carvalho em uma palestra ministrada no Rio de Janeiro sobre a Criminalidade em Ascensão nos sistemas democráticos do Ocidente.²

No caso do Brasil, questionou o filosofo que se você tem um amigo com dois problemas sérios: loucura e desemprego, qual destes problemas deveria tratar primeiro? Pois bem, ao mais leigo dos viventes, o problema a ser tratado com mais iminência seria o da loucura (um reflexo da moral social), o que, entretanto não foi relevante à política e aos cientistas sociais do país, que neste caso se propuseram a tratar somente da economia e da carestia social dos brasileiros, sob uma perspectiva intensamente paternalista, o que não contribui em grande parte para a organização moral da sociedade e assim, empregando um antigo provérbio chinês: Não lhe dês peixe, ensina-o a pescar.”, a população carente do Brasil dá graças ao subsídio econômico, mas não se vê educada suficientemente para se dispor a um trabalho que lhe garanta uma autonomia efetiva.

Em se tratando da educação é importante ressaltar outro adendo; a estrutura educacional foi renovada com a democracia neoliberal com a injeção de enormes recursos, que sem dúvida puderam garantir uma melhor qualidade de ensino em todo o país, entretanto a política educacional instituída pelos governos atuais restringe absurdamente a atuação dos docentes, que são na maioria das vezes acusados de má formação, preguiça, desestímulo e assim por diante. Mas como pode trabalhar com integridade o professor que se vê diante de uma demanda estudantil desestruturada moralmente, sem valores culturais e principalmente sem o devido respeito aos mestres?

Desde que o Estado promulgou os programas da Bolsa Família e a Progressão Continua no sistema educacional, os alunos somente submetem-se à rotina escolar a fim de garantir seu subsidio econômico e ainda assim não se comprometem ao estudo, pois de toda maneira serão aprovados, independente de seu aproveitamento escolar. Sabendo disto, pergunta-se: como pode o professor ter autonomia em seu trabalho? Ser valorizado em sua profissão? Ter seu respeito como profissional garantido?

Por fim, vemos que a atitude de pensar já denota a própria Filosofia, pois o homem por sua essência é um ser pensante e, portanto, ao praticar os desígnios da razão este homem pode manter-se livre das amarras de um rebanho inconsciente e dominado.

A Educação é a grande arma contra a dominação, mas será que nossa Democracia está orientada neste intuito? O que seria de nosso país se tivéssemos uma população realmente instruída e preparada para o trabalho e a dignidade social? Certamente teríamos uma nação bem mais exigente e bem menos dependente.

Sapere aude!³ Assim dizia Immanuel Kant estimulando o homem ao "ouse saber" ou "atreva-se a saber", por vezes traduzido como "tenha a coragem de usar o seu próprio entendimento".

Notas:

  1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito

2. A Criminalidade em Ascensão: uma Visão Civilizacional - Por Olavo de Carvalho - Palestra proferida na Associação Comercial do Rio de Janeiro em 13 de maio de 2002.

3. KANT, Immanuel. Que é Esclarecimento? In: Textos Seletos. Trad. Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis: Editora Vozes, 2008.

Filosofia, arte do pensador



Filosofia, a arte do pensador

Pensar em filosofia normalmente leva ao estudante ou cidadão leigo da sociedade a imaginar uma disciplina confusa, abstrata, desconexa e muitas vezes inútil em sua aplicação à realidade. Mas se nos dispusermos a quebrar tais preconceitos e nos abrirmos aos campos do entendimento, veremos uma infinidade de buscas para a explicação de nossa realidade que se tornam essenciais para o entendimento de nossa existência no mundo.

A Filosofia parte do principio do questionamento da realidade, assim como fazia a maiêutica de Sócrates desde a Antiguidade Clássica. Esta disciplina se pauta justamente na fundamentação da razão de nossas vidas, abrangendo aspectos dos fenômenos naturais, da espiritualidade, das transformações nas estruturas sociais, da metodologia cientifica e do conhecimento, enfim, tenta desvendar a esfera universal das relações humanas sob um patamar de explicações que abarcam desde o concreto até o abstrato destas relações.

Num breve retrospecto a Historia da Filosofia, entre seus autores magistrais, vemos diferentes fases históricas nas quais as buscas de princípios e fundamentos da verdade estiveram presentes segundo as necessidades de conhecimento de cada época.

A Antiguidade trazia a mitologia como principio filosófico, onde o mito (é uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma dada cultura. O mito procura explicar a realidade, os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis. Ao mito está associado o rito. O rito é o modo de se pôr em ação o mito na vida do homem - em cerimônias, danças, orações e sacrifícios.)¹ tentava transferir aos deuses uma explicação para os fenômenos da natureza e dos homens.

Em seguida o ser humano passou a fazer parte do limiar da razão, quando os pensadores tentavam explicar os fenômenos naturais e humanos através de experimentações racionais e teóricas, dando inicio à fundamentação cientifica. Desde então varias fases do racionalismo teórico foram se desenvolvendo segundo as necessidades das sociedades humanas.

Neste sentido, com o passar das gerações, novas expectativas filosóficas insurgiram, com diferentes metodologias. A Idade Média trazia uma base cultural pautada na Teologia, com explicações metafísicas para a existência da vida na Terra conforme os desígnios da cristandade. Esta forma de pensamento teocêntrico muitas vezes foi usada como meio de coerção social, mas ainda assim não pôde subjugar o poder da ciência e da razão definitivamente, pois na Baixa Idade Média travou-se uma luta feroz de pensadores e cientistas pela autonomia da razão, o que finalmente conseguiu determinar os novos rumos da Filosofia de uma forma laica e empirista a partir da Modernidade. A Era Moderna trouxe além de um racionalismo determinista, também uma abordagem teórica sobre a ética e a moral, já que a sociedade que passava por mais uma transformação de princípios, precisava de novos parâmetros para estruturar o homem racional. Desde então, a filosofia e a própria essência do homem passaram por diversas fases críticas em relação á seus conceitos.

A ciência como forma de razão provável a todos os fenômenos entra em crise sistemática e assim por diante em questões relevantes aos conceitos fundamentais da existência humana, o que possibilita atualmente uma maior disponibilidade ao questionamento e a abertura dos campos para pensamento crítico dos filósofos.